Nota bene

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sexta-feira, 1 de maio de 2020

“Não há segredos que o tempo não revele.”



Juro por minha honra, cumprir com lealdade, zelo e dedicação as funções que me são confiadas.”

Foi este o juramento por mim realizado no ato de posse como Comandante, no dia 1 de maio de 2002, perante o Corpo de Bombeiros, entidades e população presente.
Para mim foi um dia de conflito interno. Por um lado, passar a ser um timoneiro que iria navegar em águas agitadas e traiçoeiras, deixar novamente de ter tempo para a família, de ter que conciliar a intensa atividade profissional (INEM, VMER) com a exigência da função, por outro, uma grande oportunidade para melhorar e assumir determinadas mudanças que, a meu ver, se impunham para engrandecer o Corpo de Bombeiro e Associação.
A motivação tinha superado os receios, e o convite foi recebido como uma segunda oportunidade de dar continuidade ao desafio apadrinhado pelo saudoso Comandante Artur Lage, em junho de 1996, aquando da imposição dos galões de Segundo Comandante.
No discurso de posse não proferi promessas. Houve, sim, oportunidade de afirmar que Agualva-Cacém não era um Corpo de Bombeiros de fácil comandamento, que iria requerer um acompanhamento e planeamento operacional constante, aliado à necessidade de um elevado grau de profissionalismo, que se tinha de estar tecnicamente bem preparado, que não bastaria cumprir as missões, seria imperioso que se tivesse uma boa formação técnica, a qual os bombeiros também teriam de se disponibilizar para a adquirir, e que, para tudo isso seria também fundamental a existência de uma boa equipa de comando, tecnicamente preparada, disciplinada, disciplinadora, humana e boa condutora de homens. Em consciência, referi que não bastariam as boas intenções, era imprescindível o apoio de todo o Corpo de Bombeiros, e eu contava com ele.
Recebi, com agrado, manifestações de felicitações, que davam nota de um novo ciclo da vida da “nossa” casa, protagonizado por um novo líder do corpo de bombeiros, alicerçado numa inquestionável qualidade técnica e uma rara determinação na decisão, que estaria à altura da complexidade das circunstâncias e com votos para que todos, sem exceção, soubessem estar à altura, em compreensão e apoio à minha metodologia de comando.
Foi, deveras, motivador, e foi com orgulho que comandei aqueles homens e mulheres. Uma equipa de comando jovem, com bombeiros de carreira, experientes, que desde muito novos serviam nas fileiras do Corpo de Bombeiros, una, metódica, com projetos a concretizar num curto, médio e longo prazo e um bom entendimento com o órgão de administração da Associação, foram os condimentos para o trabalho desenvolvido e findo prematuramente.

“Nem tudo foram rosas”, houve momentos muito difíceis.
As entropias constantes promovidas por aspirantes a comandante do corpo de bombeiros, uns no seio deste e outros fora, através do envio insistente de cartas anónimas e correio eletrónico com ultrajantes queixas, aliado ao “contra-vapor” interno (entretanto também acolhido por dirigentes simpatizantes com agenda própria), à conspiração orquestrada em reuniõezinhas e almoços, à desobediência ao mais alto nível, às desmesuradas ambições apadrinhadas por determinada cor política e um presidente “paraquedista” que, com apenas 4 meses, já se arrogava de ser o verdadeiro voluntário, abalou, de sobre maneira a motivação, os ideais, o projeto...
Atingiu-se o apogeu, findou-se o “novo” ciclo e…“deu-se o ouro aos bandidos”.
Porém, 
 “Não há segredos que o tempo não revele.”