“Juro por minha honra, cumprir com lealdade,
zelo e dedicação as funções que me são confiadas.”
Foi
este o juramento por mim realizado no ato de posse como Comandante, no dia 1 de
maio de 2002, perante o Corpo de Bombeiros, entidades e população presente.
Para mim foi um dia de conflito interno. Por um lado, passar
a ser um timoneiro que iria navegar em águas agitadas e traiçoeiras, deixar
novamente de ter tempo para a família, de ter que conciliar a intensa atividade
profissional (INEM, VMER) com a exigência da função, por outro, uma grande
oportunidade para melhorar e assumir determinadas mudanças que, a meu ver, se
impunham para engrandecer o Corpo de Bombeiro e Associação.
A motivação tinha superado os receios, e o convite foi
recebido como uma segunda oportunidade de dar continuidade ao desafio apadrinhado pelo saudoso Comandante Artur Lage,
em junho de 1996, aquando da
imposição dos galões de Segundo Comandante.
No discurso de posse não proferi promessas. Houve, sim,
oportunidade de afirmar que Agualva-Cacém
não era um Corpo de Bombeiros de fácil comandamento, que iria requerer um acompanhamento e planeamento operacional
constante, aliado à necessidade de um elevado grau de profissionalismo, que
se tinha de estar tecnicamente bem preparado, que não bastaria cumprir as
missões, seria imperioso que se tivesse uma boa
formação técnica, a qual os bombeiros também teriam de se disponibilizar para a
adquirir, e que, para tudo isso seria também fundamental a existência de
uma boa equipa de comando, tecnicamente
preparada, disciplinada, disciplinadora, humana e boa condutora de homens. Em
consciência, referi que não bastariam as
boas intenções, era imprescindível o
apoio de todo o Corpo de Bombeiros, e eu contava com ele.

Recebi, com agrado, manifestações de felicitações, que davam
nota de um novo ciclo da vida da “nossa”
casa, protagonizado por um novo líder do corpo de bombeiros, alicerçado numa
inquestionável qualidade técnica e uma rara determinação na decisão, que estaria à altura da complexidade das
circunstâncias e com votos para que
todos, sem exceção, soubessem estar à altura, em compreensão e apoio à minha metodologia de comando.
Foi, deveras,
motivador, e foi com orgulho que comandei aqueles homens e mulheres. Uma equipa
de comando jovem, com bombeiros de carreira, experientes, que desde muito novos
serviam nas fileiras do Corpo de Bombeiros, una, metódica, com projetos a
concretizar num curto, médio e longo prazo e um bom entendimento com o órgão de
administração da Associação, foram os condimentos para o trabalho desenvolvido
e findo prematuramente.
“Nem tudo foram rosas”, houve momentos muito difíceis.
As
entropias constantes promovidas por aspirantes a comandante do corpo de
bombeiros, uns no seio deste e outros fora, através do envio insistente de
cartas anónimas e correio eletrónico com ultrajantes queixas, aliado ao
“contra-vapor” interno (entretanto também acolhido por dirigentes simpatizantes
com agenda própria), à conspiração orquestrada em reuniõezinhas e almoços, à
desobediência ao mais alto nível, às desmesuradas ambições apadrinhadas por
determinada cor política e um presidente “paraquedista” que, com apenas 4
meses, já se arrogava de ser o verdadeiro voluntário, abalou, de sobre maneira a
motivação, os ideais, o projeto...
Atingiu-se o apogeu, findou-se o “novo” ciclo
e…“deu-se o ouro aos bandidos”.
Porém,
“Não
há segredos que o tempo não revele.”