Nota bene

1. "Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.” (Art. 19º da Declaração Universal dos Direitos Humanos);

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sábado, 10 de setembro de 2011

Um vírus a combater

"Aqueles que, só pela mão da fortuna, de vulgares cidadãos se tornam príncipes alcançam o mando com pouca fadiga, mas só com muito esforço o conseguem manter. Não experimentam dificuldades na caminhada para o poder, parecendo que para lá vão voando. As dificuldades surgem depois de serem entronizados. É o que sucede com aqueles a quem é dado um estado a troco de dinheiro ou por graça de quem o concede (...) Os que assim sobem à condição de príncipe ficam dependentes da vontade e da fortuna de quem lhes proporcionou o trono, que são duas coisas assaz volúveis e instáveis, não sabendo nem podendo garantir a sua conservação."  - Nicolo Maquiavel, in 'O Príncipe'

Tal como na vida pessoal e profissional, também nos Bombeiros existe quem tenha ambições. Ambições essas que podem passar, simplesmente, por se querer ser um excelente operacional, por se querer progredir na carreira de bombeiro até alcançar uma categoria de chefia, ou, porque não, pelo exercício de funções no quadro de comando. É lícito e desejável que assim seja, mas, como tudo na vida, também esta deverá ser consentânea com qualidades e aptidões e não se traduzir numa desmesurada ambição.
É um facto que exista quem, por natureza ou não, facilmente aglutine interesses, vontades, dedicação, empenhamento, etc, sem que para tal nada de extraordinário faça. Nada de extraordinário fez, mas será aceite, como se de um eleito se tratasse, isto é o mesmo que dizer que estaremos perante um "líder nato". Mas nem todos poderemos ser "lideres natos", mas teremos de ser aceites, respeitar e sermos respeitados. Aqueles que, apesar de desprovidos de atributos de "lideres natos", são aceites para liderar, tal circunstância decorre da confiança e conhecimento que se tem sobre a sua pessoa. As suas qualidades, o seu passado, o seu exemplo, e a sua postura, são condicionantes à aceitação que terá entre os "seus" homens. Atingindo os patamares de chefia ou de comando, não poderá querer que os outros sejam aquilo que nunca foi, não poderá querer impor respeito se nunca respeitou, não poderá querer disciplinar se sempre foi indisciplinado...pois, caso contrário, será apenas tolerado e não aceite por aqueles que agora chefia ou comanda. A virtude está na HIERARQUIA DO EXEMPLO. Creio mesmo, que esse será o Calcanhar de Aquiles de muitos "transportadores de galões" ! (perdoem-me a expressão).


Existem, necessariamente, características intrínsecas às funções que se pretendem desempenhar.  Um elemento de chefia tem de, além de outras qualidades, ser um bom operacional e um bom formador, em contrapartida, o exercício de funções no quadro de comando já tem de ser caracterizado, para além do conhecimento operacional, por qualidades de gestão e comando de um corpo de bombeiros composto por variadíssimas sensibilidades, níveis educacionais, interesses e motivações.


Elejo as relações humanas como o primor das qualidades que quem comanda outros deve possuir. Ser elemento do quadro de comando não tem de, necessariamente, significar que é melhor bombeiro que os restantes, que sabe mais, ou que é um grande operacional. Assim seria desejável, mão não condição imprescindível, contudo, terá de ser justiceiro, parcimonioso, ponderado, conhecedor, humilde e...leal para com os seus pares.

Quando interiorizarmos que tudo a seu tempo, que deveremos ser parte da solução e não do problema, que com a intriga e o conjurar o fracasso dos outros penhoramos o nosso sucesso, que os interesses pessoais não se podem sobrepor aos interesses do próprio corpo de bombeiros, e que a virtude está em ser o exemplo, então, seremos merecedores e estaremos de cabeça erguida no topo da hierarquia, enquanto quisermos e formos aceites.